quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Breve cosmogonia ontogenética
No início tudo era mar. À imagem e semelhança do mundo, grande ovo d'água, surgiu o primeiro e solitário coacervato, represando dentro de si uma pequena fração da imensidão líquida que o rodeava. O início de cada vida que já existiu e existe neste planeta jamais se livrou dessa condição fluida e fundamental: o óvulo fecundado carrega dentro de si, mutatis mutandis, uma parcela daquele imemorial mar primordial. Os dias passam, as células se reproduzem; os anos passam e cada um de nós carrega dentro de si um oceano insondável, cujos sons só conseguimos escutar em nossos sonhos e cujo balanço obedece à cadência ainda não decifrada de nossos corações.
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