quarta-feira, 27 de abril de 2011

banal



o lugar onde mais se mente, por excelência, é a cama.

O estudante

Sonha, sonha enquanto dormes.
Tudo esquecerás com o dia.

(Dia, alegre aprendizagem
Da grande sabedoria.)

Aprende, aprende. No sonho,
Esquecerás o aprendido.

(Sonho, doce aprendizagem
Do definitivo olvido.)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

prazer e contrôle.



Sufoca um primeiro desejo, provoca os demais, e não muda de postura. É empurrando para longe o primeiro-impulso que se domina o objeto. Essa imagem diz muito, menos isso.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

sem título - sobre pathos



Impulso forte e perpétuo, vontade sem freio de sempre-nova criação.

Em branco



O objetivo em choque com o meio.
A má-vontade latente nos dois.
Não tem como sair do lugar.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

instantarte




Necessidades básicas atendidas, prazeres ao alcance do bolso, todo o dia se encontra alguma espécie de satisfação, não há como fugir. O que azeda o creme não é o tamanho diminuto de uns prazeres frente a outros; é que nenhuma satisfação proposta pela rainha moda, senhora de todas as soluções, é capaz de preencher o buraco da inexperiência, da existência tão sem fundo, ou de ocupar o vazio deixado pelas vontades que não se formulam e morrem no escuro.
Não é só o efêmero que deixamos para trás que forma um acervo que parece não ter fim. Os desejos mortos engrossam essa coleção bizarra de arte moderna.

Gravissimo



Há um grande movimento, cujo início Homem nenhum notou, do qual Homem nenhum foge.
Esse movimento é lento, inatingível, fundo. É gravíssimo. Em sua aurora talvez não se fizesse notar, ou se fosse perceptível, só revelava sua face ornada com os louros e as jasmins. Hoje sua existência é plena, seus braços enlaçam o mundo, seus olhos fitam cada Um, seu sorriso nos torna um ébrio cujo ponto de convergência não passa do umbigo.
É quando fecho os olhos no meio do mundo que vejo seu movimento lento, tão idoso, se arrastando (Homem nenhum a viu parada), varrendo e carregando tudo.
Desse movimento, cantado há tanto tempo, dizem que só os loucos, bêbados e vagabundos fugiram. Mentira: só os loucos.