quarta-feira, 31 de agosto de 2011

mais alma e menos tristeza

Feliz aquele que administra sabiamente
a tristeza e aprende a reparti-la pelos dias
Podem passar os meses e os anos nunca lhe faltará
transe

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Observação

O título diz mais do que eu gostaria. Há alguma coisa acontecendo, mas nem os braços ou as pernas tomam parte do caos em que se encontram. Deliberadamente, talvez, afinal o caos é o subproduto irremediável dessa ordem (invertida) que se forjou.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Lua lá no alto.

Quando a lua está brilhando, o aleijado anseia por um passeio a pé.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

roda-mundo

na líbia, kadafi responsabiliza a otan pela morte de dezenas de civis; algumas das dezenas aí contadas eram crianças. duas facções lutam por legitimidade e capacidade de poder coercitivo. pretensamente esquecem (afinal, bem sabem disso) que não há poder coercitivo legítimo.
em londres a morte de um inocente coloca fogo na cidade, que ao invés de expor diretamente para o mundo o jogo de forças há tempos atuante, prefere rodopiar em egoísmos, furtos, e cada-um-por-si; prefere encenar um teatro patrocinado pela mídia de todo o mundo; teatro cuja catástase consiste no restabelecimento da ordem pelas mãos daqueles que conhecem a justiça.
no butantã, um garoto desconfiado de seus próprios rumos bebe um pouco a mais, deixa-se levar por suas tendências críticas e escreve baboseiras.

lá em cima a noite no mundo, hoje, é enorme.

exercício irônico

a ironia é tentar isso, agora. a ironia é sentir medo, agora. o imperdoável é não ter certeza, agora. os tempos que se seguem ao de uma mudança brusca carregam, com a clarividência que eu não tinha, a linha mestra, a chave, a lembrança-síntese daquilo que fica pra trás. e esse presente que me é entregue tem o peso do medo e da insegurança. hoje eu troco a primeira-do-plural pela primeira-do-singular porque tenho medo e sinto como se não houvesse Humanidade no que digo.

a ironia é que quando tomo a coragem necessária para saltar sobre meus desejos vacilantes e incertos que me devoravam só vejo escuro.

domingo, 7 de agosto de 2011

sabática

alguma coisa acontece no meu coração

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Taí!

meu amor, não posso esquecer: se da alegria faz também sofrer, a minha vida foi sempre assim... só chorando as mágoas que não têm fim... essa história de gostar de alguém é mania que as pessoas têm! se me ajudasse nosso Senhor, eu não pensaria mais no amor...

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

o vento, o céu e eu

Ontem o vento batera tão forte que ninguém mais sabia de si: o carteiro entregava cartas numa língua que não entendia; o bêbado do bar, tomando laranjada, bendizia a vida e erguia as mãos ao céu; nem esse sabia direito o que fazer. Hoje era todo sem-saber-de-si, sol-chuva, uma luminosidade forte, mas sem alegria nenhuma. É que quando o vento sopra o céu fica que nem eu, com os pensamentos longe, numa terra que não é a de agora.

terça-feira, 2 de agosto de 2011

impressão; meditação

Foi quando ergui os olhos e olhei através da janela; fui de súbito invadido por um céu branco que me cobriu os olhos, me encheu de suto, quase medo; fui, sem mais nem menos, tomado por uma sensação de supressão de tudo que pensei haver dentro de mim e tudo o que senti foi aquele céu, aquele branco, todo vazio, todo impalpável. A claridade ofuscante do desconhecido rompeu pra dentro de mim, numa dessas inteligentes piadas que só o instante pode fazer, zombando de toda a sabedoria do homem. E foi quase como reação desesperada que me coloquei a pensar, num súbito, o que diabos era aquilo que se passava diante de meus olhos, dentro de mim. Não tinha mais certeza se estava de olhos abertos, de olhos fechados. Aí veio o vento.