quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

inverno/verão

um pra cá, um pra lá.
ali fará dez, aqui serão trinta.
fevereiro chega logo e tudo se faz mais solto.
sem medo de mim você se faz (com medo de si, sei lá)
sem medo de ti, eu me faço (com medo de mim, isso sim)

promessas no poente

Oras, as promessas do tempo são as mais esperadas, e as que menos se entende. Quando se esperam dois vem um, quando queremos ficar fomos, quando olhamos ainda não mudou, quando mudou não entendemos. Talvez o senhor maior de todas as mudanças que se dão entre nós não seja esse solitário senhor, dono de uma inexorável vontade vacilante, o Tempo. Talvez seja essa dama que sempre nos acompanha, discreta, muito mais certeira do que seu companheiro de todas as horas, esse de quem acabamos de falar; talvez seja essa Ausência a grande força que nos leva ao novo.
Mas o novo nunca se livra desses companheiros de braços fortes, que nos agarram quando saímos da barriga de nossas mães e só nos deixam em paz quando tudo se faz Tempo, quando tudo se torna Ausência.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

persona e prato sujo

me coloco entre dois espelhos e nenhum reflete como imagem o modelo original.
é que faz parte da refração do convívio e das mazelas do existir fora de si.
mas isso não é problema.
o problema é quando esses espelhos ficam frente a frente e suas imagens não batem.
eu não sou para um o que eu sou para outro, e deus me livre desses encontros embaraçosos que só tem como efeito a anulação do modelo, e o silêncio das imagens.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

um bom momento

o momento hoje é o do terceiro sinal.
depois disso as luzes se apagam,
nós ouvimos o lá sempre lá do spalla.
e ainda assistiremos ao prelúdio.
depois disso a constelação se faz mais clara
e o incêndio, inevitável.