domingo, 18 de novembro de 2012

Tudo junto agora

Ponho os meus olhos nos teus e sei que há no fundo de cada um de nós uma certeza de fim. Desde o começo soubemos disso, à nossa maneira silenciosa. Teus olhos deixam sempre um perfume de saudade embotados no fundo dos meus - não só essa saudade boba de amantes que se querem todo o tempo, mas uma saudade futura, de quando não sermos mais. E a gente faz disso uma refeição deliciosa. Hoje: deixar o sono pra mais tarde, quando não aguentarmos mais de cansaço - hoje: deixar o que fôr pra mais tarde, quando não pudermos mais.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Nossa estranha gramática

Aos beijos e olhares que silencio pela semana à dentro segue-se a folia dos meus carinhos de finais de semana. Mas numa língua em que as palavras não se dizem e cuja norma e gramática são o silêncio, algumas frases - quietas, mas nem sempre discretas - de certa tristeza são incontornáveis. E neste momento de exceção tudo que nós é comum (se é que isso existe, ironicamente conhecemo-las justamente através dos signos dessa língua misteriosa) se faz incerto para os meus olhos. O sono vem, a noite passa - na manhã seguinte sou calmaria. É que eu lembro que existem outras línguas que podem ser faladas, e nelas sou capaz de traduzir um pouco do que me foge na nossa línguas de loucos.