domingo, 17 de julho de 2011

Tudo sôbre mim / tudo atrás de mim

Quando me deito e me encontro buscando alguns daqueles momentos, alguns daqueles dias do passado, revisitando a casa de uma avó, o antigo colégio, a casa de um amigo, uma praça, enfim, fossem qual fossem, signifiquem o que fôr ou que foi, tenho a viva sensação de que trago eles diante de meus olhos e vejo neles, se estes olhos estão bem fechados e me empenho nessa busca tão ingênua, um fôlego de vida naquilo tudo; "ingênuo enleio", diria aquele outro poeta do recife; todo aquele passado que trago pro instante vivo do agora é morto e não encontro nada daquele tempo, só: eu mesmo; a grandeza da herença do passado morto, o legado sem-preço do tempo arrastado para o presente, é a solidão de só mostrar uma coisa: a si mesmo.
Assim, quando ouço aqueles acordes de sol maior separados por um intervalo lento e penso no vapor do café, na garôa, no começo de alguma história qualquer, percebo muito menos aquele momento, aquele instante, do que a minha prórpia pessoa, a minha própria substância, a minha própria imagem de mim-mesmo atravessando os anos pra pousar sob essas pálpebras fechadas que buscam tanto aquilo-que-foi.

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