terça-feira, 12 de outubro de 2010

cidades paralelas

o centro cresceu, floresceu e morreu. hoje, sem meias palavras só restam fachadas que escondem os escombros d'um passado que, diz minha avó, já foi dourado e com cheiro de café. hoje o coração daquela cidade fede a fertilizante e água podre.
mas o mais difícil de não reparar é como aquele miolo em ruínas continua de pé, sustentato por pessoas que moram nos arredores, nos subúrbios; é como o coração da cidade, estagnado, é mantido falsamente vivo. a cidade parece crescer sobre uma morte anunciada: por mais que se derrame entre mar e serra, por mais que aumente, sustenta em seu antigo centro a própria ruína. a cidade canta uma ode a um passado agora sem significado.

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