quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Telhado dos pássaros mortos

antes, um coberto de vermes; hoje aquele secou, e este sonha em ir embora, olhando pra cima.
como já disse uma vez o enfermo francês, com o peito corroido pelas noites nos salões esfumaçados e pela saudade d'um tempo morto, é "(...) dessas horas de exceção em que se suspira por qualquer coisa diferente do que existe, e em que aquêles a quem a falta de energia ou de imaginação impede de tirar de si mesmos um princípio de renovamento, pedem ao minuto que vem, ao carteiro que bate, que lhes traga algo novo, ainda que seja o pior, uma emoção, uma dor; em que a sensibilidade, que a felicidade fêz calar como uma harpa ociosa, quer ressoar sob uma mão, ainda que brutal, ainda que lhe rebente as cordas; em que a vontade, que tão dificilmente conquistou o direito de entregar-se sem obstáculos a seus desejos, a suas penas, deseja entregar as rédeas às mãos de acontecimentos imperiosos, por cruéis que sejam."

Nenhum comentário:

Postar um comentário